SUSTO NA FLORESTA

 

 

 

 

         Já estava anoitecendo quando os últimos raios de sol eram filtrados pelas árvores da mata. A bruma noturna se mostrava presente. Era possível ouvir o silêncio, exceto pelos grilos que já orquestravam os primeiros sons da noite. Aos poucos a escuridão tomava conta de tudo; de repente passos se faziam ouvir entre os galhos secos, podia-se notar a preocupação cuidadosa de quem se aproximava; sem dúvidas não queria ser notado.

         Não muito longe dali, numa clareira, em volta de uma pequena fogueira que pipocava as faíscas brilhantes, um grupo de rapazes, confabulavam segredando algo que parecia assustador! A lua cheia, com seus raios prateados, completava aquele cenário sinistro.

         Os jovens estavam sentados sobre pedras que formavam um círculo sagrado, espiando ao longe tudo indicava o inicio de um ritual, como era de costume, planejavam pregar mais uma de suas assustadoras peças, sempre surpreendendo os mais incautos.

         Agora já a brisa trazia os sons dos passos sobre as folhas secas; os jovens sentiam que mais uma vez, um caso assustador estava para acontecer!

         Atentos aos sons, porém envolvidos pela cumplicidade do momento, petrificados de medo, viram em sua frente, saindo da mata, um vulto, envolto em algo igual a um lençol, cujo branco era quase fluorescente. O pânico tomou conta da “tribo”, estavam praticamente imobilizados, enquanto o personagem recém chegado se aproximava, o “tum-tum” de seus corações pareciam tambores anunciando uma eminente confusão; foi quando o personagem, já quase em cima deles, explodiu em uma gargalhada assustadora, imediatamente  retirou o lençol brilhante, escancarando-se aos olhos deles, arregalados e ao mesmo tempo aliviados, pois reconheceram ali, na cena, um dos participantes da “seita”, de cuja longa viagem acabara de voltar, não resistindo à tentação de pregar-lhes um merecido susto.

 

Nelson de Genaro

 

 

Susto Na Floresta

    Conto premiado pela Editora Phoenix

     Editado no livro GRANDES NOMES

  DA NOVA LITERATURA BRASILEIRA